Acidentes domésticos: saiba como se livrar deles

Números revelam que 75% de lesões envolvendo idosos acontecem dentro de casa


Muita gente não sabe, mas a nossa própria casa pode oferecer riscos. Em algumas situações, a má distribuição dos móveis, lâmpadas altas demais ou pisos escorregadios podem provocar acidentes sérios, principalmente quando se fala de idosos e crianças. O que é uma casa segura? A arquiteta Cybele Barros criou o projeto que recebe este nome justamente para chegar à melhor maneira de oferecer independência, acessibilidade, integração, conforto, segurança e mobilidade de pessoas no interior de suas residências.


A professora da Escola de Design da UVA Liane Flemmig explica que "a casa segura é aquela que as pessoas podem utilizar sem risco para sua saúde e segurança, mas deve principalmente garantir que os seus usuários a utilizem maneira independente".


Ela explica ainda que os conceitos de conforto e visitabilidade são igualmente importantes. "O direito de visitação consiste em permitir que a casa seja acessível não somente para o dono como também para as pessoas que freqüentarem sua casa". Para não apresentar barreiras, segundo Liane, os espaços devem ser remodelados, ou seja, adaptados para que sejam acessados por todos os usuários.


A professora explica, ainda, que a visitabilidade deve ser encarada como o direito ao convívio social irrestrito, o que passa pela escolha de amigos com os quais se tem "afinidades de pensamento e afeto, e não de condições físicas semelhantes".
Idosos têm necessidades especiais


Segundo o IBGE, os idosos representam 8,6% da população brasileira, ou seja, cerca de 15 milhões de pessoas com 60 anos ou mais de idade. A previsão é a de que nos próximos 20 anos a população idosa do Brasil poderá ultrapassar os 30 milhões de pessoas e deverá representar quase 13% da população total deste período. A mudança do perfil etário brasileiro torna ainda mais importante a adaptação das casas às necessidades que surgem para pessoas de idade avançada, garantindo assim sua autonomia e independência. "A casa deve permitir, acima de tudo, a dignidade, individualidade, independência, privacidade e familiaridade", afirma Liane.
O núcleo de pesquisa "vida sem barreiras" da Escola de Design pesquisa o design universal, ou seja, a forma de projetar para todos, independente das condições físicas. As casas projetadas de maneira a atender às crianças e aos idosos, por exemplo, têm maiores chances de atender um maior número de pessoas.


De acordo com Liane, as casas têm que ser adaptadas, uma vez que na maioria das vezes os responsáveis pelos projetos não têm o hábito de pensar assim.





Cuidados em cada ambiente
Banheiro e cozinha
Liane afirma que medidas simples podem contribuir para tornar as casas mais seguras. Ela explica que as áreas que requerem mais cuidados são a cozinha e o banheiro, ou onde a água estiver presente. " Nesses locais é fundamental que se tome cuidado com o piso, que deve ser sempre antiderrapante e sem degraus. Os tapetes também podem ser bem perigosos caso não tenham fitas antiderrapantes coladas no seu verso. Nos banheiros a colocação de barras de apoio na área do chuveiro e vaso é um recurso recomendável, ao contrário das banheiras".
Móveis
Os móveis devem ser estáveis, de modo que possam servir como apoio, mas não devem ter quinas e nem atrapalhar a passagem.
Portas
As portas, se possível, largas com maçanetas de alavanca e não de "bolinha".
Iluminação
Para uma boa iluminação não podemos considerar apenas a intensidade luminosa. Ela deve também propiciar a garantia de uma boa execução das tarefas. Além da luz normalmente existente no centro do ambiente, luminárias de mesa ou com "pé" garantem a flexibilidade da iluminação, permitindo que as pessoas possam ajustar a luz às suas necessidades e conforto. A garantia da luz natural, regulada através de cortinas leves e persianas, traz economia, segurança e bem estar.
Acesso
A altura das tomadas e dos interruptores deve prover acesso sem muito esforço. Estes são alguns dos itens importantes. Devemos, no entanto, salientar que, em se tratando de uma casa, deve-se sempre ter o cuidado de não transformá-la em um lugar estranho: o conforto, segurança e bem-estar devem caminhar juntos.
Acidentes
Norivaldo de Oliveira ainda se recupera do acidente que mudou sua vida. Desde que caiu de uma árvore enquanto tentava pegar uma fruta, em 2002, ele faz fisioterapia para recuperar os movimentos das pernas e dos braços. "Foi a primeira vez que subi num lugar tão alto. Caí de 2 metros de altura, me acidentei e agora estou na cadeira de rodas. No início não mexia nada, nem perna nem braço, só a cabeça".
Paciente do Núcleo de neuro-funcional do CSP-UVA há cerca de 1 ano, ele conta que aos poucos pôde retomar atividades relativamente simples. "Antes eu não tomava banho sozinho, agora já consigo. Ainda não vou ao banheiro sozinho, mas faço todo o resto, até lavo roupas". Ele conta ainda que, embora não saia sozinho de casa, dentro do imóvel já consegue trocar alguns passos. "Já estou andando, graças a Deus. Só ando de andador e segurando a cadeira de rodas, mas sou capaz de ir onde eu quero".
A fisioterapeuta responsável pelo tratamento de Norivaldo, Cacilda Pereira Barbosa, explica que não é possível prever quando Lorivaldo poderá deixar de vez a cadeira de rodas, pois, segundo ela, trata-se de um processo lento. "Ele precisa de mais equilíbrio de quadril, mas quando chegou não tinha massa muscular, não agüentava treinar a marcha porque ficava muito cansado. Com o tempo foi se fortalecendo e agora já está bem melhor".
A supervisora do núcleo de fisioterapia do Centro de Saúde e Pesquisa da UVA Bruna Correa Mello, explica que em caso de acidente o paciente deve procurar assistência medica imediatamente para saber qual é o procedimento adequado. Ela alerta que a falta de fisioterapia pode deixar seqüelas para toda a vida. "O paciente pode não andar, ficar mancando e até não realizar o movimento correto do membro".

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